quarta-feira, 30 de setembro de 2015

VELÓRIO





Quando comparecemos a um velório cumprimos sagrado dever de solidariedade, oferecendo conforto à família. Infelizmente, tendemos a fazê-lo pela metade, com a presença física, ignorando o que poderíamos definir por compostura espiritual, a exprimir-se no respeito pelo ambiente e no empenho de ajudar o morto.

Superada a longa fase das carpideiras, em que obrigatoriamente a presença da morte era encarada como algo terrível e inspirar compulsórios sentimentos de dor, com a participação de lágrimas abundantes, fomos parar no extremo oposto em que, excetuados os familiares, os circunstantes parecem estar em oportuna reunião social, onde velhos amigos se reencontram, como o ensejo de "por a conversa em dia". Contam-se piadas, fala-se e futebol, política, sexo, modas... Ninguém se dá ao trabalho sequer de reduzir o volume da voz, numa zoeira incrível, principalmente ao aproximar-se o horário do sepultamento, quando o recinto acolhe maior número de pessoas.

O falecido é sempre lembrado, até com palavras elogiosas (em princípio todo morto é bom,) conforme velha tradição humana, mas fatalmente as reminiscências desembocam em aspectos negativos de seu comportamento, gerando chistes e fofocas.

Imaginemos a situação desconfortante do Espírito, ainda ligado ao corpo, mergulhado num oceano de vibrações heterogêneas, "contribuição" lamentável de pessoas que comparecem em nome da amizade, mas agem como indisciplinados espectadores a dificultar a tarefa de diligente equipe de socorro no esforço por retirar um ferido dos escombros de uma casa que desabou...

Preso à residência temporária transformada em ruína pela morte, o desencarnante, em estado de inconsciência, recebe o impacto dessas vibrações desrespeitosas e desajustantes que o atingem penosamente, particularmente as de caráter pessoal. Como se vivesse terrível pesadelo ele quer despertar, luta por readquirir o domínio do corpo, quedando-se angustiado e aflito.

Num velório concorrido, com expressivo acompanhamento ao túmulo, comenta-se:

"Que belo enterro! Quanta gente!"

No entanto, nem sempre que nos parece agradável é bom, principalmente quando confrontamos a realidade física com a espiritual. Quanto maior o número de pessoas, mais heterogêneas as conversas, mais carregado o ambiente, maior o impacto sobre o falecido.

Há algum tempo estive num hospital providenciando o sepultamento de um indigente. Acertada a documentação necessária, o morto partiu para o cemitério no carro fúnebre, sem nenhum acompanhamento. Eu próprio não pude fazê-lo em virtude de obrigações profissionais.

"Que tristeza! Velório vazio! Enterro solitário!"

Espiritualmente, melhor assim. Não havia ninguém para atrapalhar e os benfeitores espirituais puderam realizar mais tranquilamente sua tarefa, libertando o prisioneiro de acanhada prisão de carne para reconduzi-lo aos gloriosos horizontes espirituais.



Richard Simonetti

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

SER MÉDIUM É SINÔNIMO DE MISSIONÁRIO?






O brasileiro, Francisco Cândido Xavier é considerado um dos médiuns que melhor utilizou suas capacidades mediúnicas e que muito fez através dela, psicografando quatrocentos e dezesseis livros e milhares de mensagens consoladoras aos familiares que por aqui ficaram. Já Moisés é reconhecidamente o profeta que dividiu as águas da história da humanidade quando por seu intermédio no alto do monte Sinai, mui provavelmente por meio da pneumatografia, recebe de mensageiros enviados por Deus os “Dez Mandamentos” que influenciariam as leis sociais, inclusive das mais avançadas nações da atualidade. Destacamos, para ilustrar a mediunidade missionária, apenas essas duas personalidades dentre tantas outras Joana D’Arc, Paulo de Tarso e o próprio Cristo, que através da mediunidade marcaram a história humana.
Poder-se-ia então concluir que ser médium é ter uma destacada e relevante missão para a humanidade, sinônimo de missionário, de um ser muito elevado e com potencial mediúnico bem superior aos seus paris? Aquele que assim concluísse demonstraria que sua análise foi superficial ou ao menos que se precipitou em formar juízo, não percebendo que se Jesus era o médium de Deus, os apóstolos, em um grau muito menor por razões obvias, os secundaram em sua missão principalmente post mortem. Chico Xavier não dispensou o concurso de Waldo Vieira enquanto este desejou atuar a seu lado, Moisés contou com setenta anciãos ajudando-os na eclosão da “unção profética” e tantos outros médiuns anônimos que a história esqueceu-se de registrar ou que não conseguiram modificar a história de si mesmos.
Se há aqueles que por uma análise de sua vida e obras concluímos que vieram com uma missão bem delineada a fim de nos auxiliarmos a evoluir nos mais diversos campos da existência, também os há com a missão única de despertarem e apaziguarem a própria consciência delituosa seja através da expiação ou da provação.
Nos valemo-nos das palavras iluminadas do espírito Emmanuel na obra homônima e psicografia de Chico Xavier, a esclarecer-nos que:
"Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia".
Se assim o é, e cremos o seja, a grande maioria dos médiuns são espíritos em reajuste, em tratamento, no qual por misericórdia divina tornam a terra a fim de que com o suor do próprio trabalho, auxiliem aqueles que ajudaram a precipitarem-se a infernos consciênciais na conquista do céu da consciência tranqüila e em paz. E neste processo conquiste ele mesmo para si este céu, enquanto prepara-se para no futuro assumir a responsabilidade não apenas de ser o missionário de si mesmo mas de uma coletividade.
Discurso Espírita (Por Nilza Garcia)

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

AS TRÊS ORAÇÕES


- Momento Espírita










Muitas vezes costumamos nos decepcionar com as preces que fazemos. Pedimos alguma coisa e a resposta nunca chega. Então, perdemos a confiança em Deus. 

O que, não raro acontece, é que a resposta chega mas não a compreendemos, por pensarmos que ela tenha que vir conforme o nosso pedido. 

Acontece que o Criador sabe o que é melhor para nós. 
A respeito disso existe uma antiga lenda que pode ilustrar melhor esse assunto. 

Em grande bosque da Ásia Menor, três árvores ainda jovens pediram a Deus lhes concedesse destinos gloriosos e diferentes. 

A primeira explicou que aspirava a ser empregada no trono do mais alto soberano da Terra. 

A segunda declarou que desejava ser utilizada na construção do carro que transportasse os tesouros desse rei poderoso. 

A terceira, por último, disse então que almejava transformar-se numa torre, nos domínios desse potentado, para indicar o caminho do céu. 

Depois das preces formuladas, um mensageiro angélico desceu à mata e avisou que o Todo Misericordioso lhes recebera as rogativas e lhes atenderia às petições. 

Decorrido muito tempo, lenhadores invadiram o horto selvagem e as árvores, com grande pesar de todas as plantas circunvizinhas, foram reduzidas a troncos, despidos por mãos cruéis. 

Arrastadas para fora do ambiente familiar, ainda mesmo com os braços decepados, elas confiaram nas promessas do supremo senhor e se deixaram conduzir com paciência e humildade. 

Qual não lhes foi, porém, a aflitiva surpresa!... 

Depois de muitas viagens, a primeira caiu sob o poder de um criador de animais que, de imediato, mandou convertê-la num grande cocho destinado à alimentação de carneiros; 

A segunda foi adquirida por um velho praiano que construía barcos por encomenda e a terceira foi comprada e recolhida para servir, em momento oportuno, numa cela de malfeitores. 

As árvores amigas, conquanto separadas e sofredoras, não deixaram de acreditar na mensagem de Deus e obedeceram sem queixas às ordens inesperadas que as leis da vida lhes impunham... 

No bosque, contudo, as outras plantas tinham perdido a fé no valor da oração, quando, transcorridos muitos anos, vieram a saber que as três árvores haviam obtido as concessões gloriosas solicitadas... 

A primeira, forrada de panos singelos, recebera Jesus das mãos de Maria de Nazaré, servindo de berço ao Dirigente mais alto do mundo; 

A segunda, trabalhando com pescadores, na forma de uma barca valente e pobre, fôra o veículo de que Jesus se utilizou para transmitir sobre as águas muitos dos Seus mais belos ensinamentos. 

E a terceira, convertida apressadamente numa cruz em Jerusalém, seguira com Ele, o Senhor, para o monte e, ali, ereta e valorosa, guardara-lhe o coração torturado, mas repleto de amor no extremo sacrifício, indicando o verdadeiro caminho do reino celestial... 

Todos nós podemos endereçar a Deus, em qualquer parte e em qualquer tempo, as mais variadas preces. No entanto, precisamos cultivar paciência e humildade para esperar e compreender as respostas de Deus. 

Momento Espírita
Fonte: site "Fórum Espírita"



 
sTranscrito   do  ESPIRITBOOK