quinta-feira, 3 de abril de 2014

APOMETRIA NÃO É ESPIRITISMO




Na prática e no método de trabalho, na proposta filosófica, o Espiritismo não tem nada em comum com a Apometria

Autor: Divaldo Pereira Franco

O médico carioca, residente em Porto Alegre, Dr. José Lacerda, desde os anos 50 espírita que era então começou a realizar, numa pequena sala do Hospital Espírita de Porto Alegre chamada 'A Casa do Jardim', atividades mediúnicas normais.
Com o tempo ele recebeu instruções dos espíritos e realizou investigações pessoais que desaguaram em um movimento ao qual ele deu o nome de Apometria.
Não irei entrar no mérito nem no estudo da apometria porque eu não sou apômetra, sou espírita. O que posso dizer é que a apometria, segundo os apometras, não é espiritismo, porquanto as suas práticas estão em total desacordo com as recomendações de O Livro dos Médiuns.
Não examinaremos aqui o mérito ou demérito porque eu não pratico a apometria, mas segundo os livros que têm sido publicados, e de acordo com a presunção de alguns, a apometria é um passo avançado do movimento Espírita no qual Allan Kardec estaria ultrapassado.  Allan Kardec foi a proposta para o século XIX e para parte do século XX, e a apometria é o degrau mais evoluído no qual Allan Kardec encontra-se totalmente ultrapassado, tese com a qual, na condição de espírita, eu não concordo em absoluto. 
Na prática e nos métodos de libertação dos obsessores, a violência que ditos métodos apresentam, a mim, pessoalmente, parecem tão chocantes que fazem recordar-me da lei de Talião que Moises suavizou com o código legal e que Jesus sublimou através do amor.
Quando as entidades são rebeldes, os doutrinadores, depois de realizarem uma contagem cabalística ou de executarem um gestual muito específico, expulsam pela violência esse espírito para o magma da Terra, a substância ainda em ebulição do nosso planeta. Colocam-no em cápsulas espaciais e disparam para o mundo da erraticidade. 
Não iremos examinar a questão esdrúxula desse comportamento, mas se eu, na condição de espírito imperfeito que sou, chegasse desesperado num lugar pedindo misericórdia e apoio na minha loucura, e outrem, o meu próximo, me exilasse para o magma da Terra, para eu experimentar a dureza de um inferno mitológico ou ser desintegrado, ou se me mandasse numa cápsula espacial para que fosse expulso da terra, eu renegaria àquele Deus que inspirou esse adversário da compaixão. Com qual autoridade, quando Jesus disse que o seu reino é dos miseráveis?
Na parábola do Festim de Bodas, ele manda buscar os mendigos, aqueles que estão nos lugares escabrosos, já que os eleitos recusaram o convite e mataram os seus embaixadores.
A Doutrina Espírita centraliza-se no amor, e todas essas práticas novas das mentalizações, das correntes mentomagnéticas, psicotelérgicas, para nós espíritas, merecem todo respeito, mas não tem nada a ver com espiritismo. Seria o mesmo que as práticas da terapia de existências passadas serem realizadas dentro da Casa Espírita, ou da cromoterapia ou da cristalterapia, fugindo totalmente da nossa finalidade. 
A Casa Espírita não é uma clínica alternativa. Não é lugar onde toda experiência nova é colocada em execução.
Tenho certeza de que aqueles que adotam esses métodos novos não conhecem as bases kardequianas, e, ao conhecerem-nas nunca as vivenciaram para terem certeza.
Isso seria desmentir todo material revelado pelo mundo espiritual nestes 144 anos de codificação, no Brasil e no mundo, seria desmentir as informações que vieram pela mediunidade incomparável de Chico Xavier, esse médium impar, pela notável Yvone do Amaral Pereira, por Zilda Gama, por tantos outros médiuns nobres conhecidos e desconhecidos no seu trabalho de socorro.
Então se alguém prefere a apometria, divorcie-se do Espiritismo. É um direito! Mas não misture para não confundir.
A nossa tarefa é de iluminar, não é de eliminar. O espírito mau, perverso, cruel é nosso irmão na ignorância.
Poderia haver alguém mais cruel do que o jovem Saulo de Tarso? Ele havia assassinado Estevão a pedradas, havia assassinado outros. E foi a Damasco para assassinar Ananias. No entanto, Jesus não o colocou numa cápsula espacial e disparou para o infinito. Apareceu a ele! Conquistou-o pelo amor: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" Pode haver maior ternura do que isso?  E Saulo, tomado de espanto, perguntou: "Que é isto?" " Eu sou Jesus, aquele a quem persegues". E ele então caiu em sí. 
Emmanuel usa esta frase: E caindo em si, quer dizer, aquela capa do ego cedeu lugar ao encontro com o ser profundo, caindo em si. Ele despertou, e graças a ele nós conhecemos Jesus pela sua palavra, pelas suas lutas, pelo alto preço que pagou, apedrejado várias vezes até ser considerado morto, jogado por detrás dos muros nos lugares do lixo, dos dejetos ele foi resgatado pelos amigos e continuou pregando. 
Então, os Espíritos perversos merecem nossa compaixão e não nosso repúdio. Coloquemo-nos no lugar deles. Que sejam para conosco como quando nós éramos maus, e ainda somos. Basta que alguém nos pise no calcanhar ou nos tome aquilo que supomos que é nosso, para ver como irrompe a nossa tendência violenta e nós nos transformamos de um para outro momento.
Não temos nada contra a Apometria, as correntes mentomagnéticas, aquelas outras de nomes muito esdrúxulos e pseudocientíficos. 
Não temos nada contra. Mas, como espíritas, nós deveremos cuidar da proposta espírita, exercendo a mediunidade há mais de 54 anos, os resultados tem sido todos colhidos da árvore do amor e da caridade. 
Não entrarei no mérito dos métodos, que são bastante chocantes para a nossa mentalidade espírita, que não admite ritual, gestual, gritaria, nem determinados comportamentos, porque a única força é aquela que vem de dentro.
Para esta classe de espíritos são necessários jejum e oração.


Transcrito do programa Presença Espírita da Rádio Boa Nova a partir de palestra de Divaldo Pereira Franco (Agosto/2001).
Publicado no Jornal Espírita, FEP, no 1524, julho de 2011
APOMETRIA NÃO É ESPIRITISMO - Divaldo Pereira Franco


FONTE - ESPIRITBOOK

DEUS TE ABENÇOE MEU FILHO

    



Houve tempos em que era comum o gesto.
A vida moderna, o abandono de Deus pelas criaturas, o fez quase desaparecer.
Raro é o lar onde ainda se manifesta. Em lugares ermos, onde a simplicidade da vida se consorcia com a fé, ainda persiste.
Falamos do que era costume de inúmeras famílias.
Quando as crianças levantavam, pela manhã; quando se preparavam para dormir; quando cumprimentavam as visitas, uniam as mãos e as estendiam em direção dos pais, avós, tios, padrinhos, pedindo:
A bênção, pai!
A bênção, vó!
A bênção, madrinha!
E esses, com suas mãos envolviam as infantis e desejavam:
Deus te abençoe, meu filho!
Naturalmente que, pelo hábito, o gesto passou a ser quase mecânico.
Isto é, muitas vezes era repetido somente por ser tradição, sem envolvimento emocional algum.
De toda forma, a simples menção do nome de Deus, na frase, com emissão de bênçãos, tinha seu valor.
Era o momento em que o pequeno, chutando bola ou brincando na terra, corria ao encontro do recém-chegado para dizer, quase sem fôlego:
A bênção, tio!
E receber o carinho das mãos gigantes, em torno das suas.
Podemos imaginar o efeito quando o adulto, cheio de saudades, de amor, dizia com toda unção:
Deus te abençoe, meu filho!
Como faz falta Deus em nossos lares e em nossas vidas.
Quantos distúrbios, desentendimentos, rusgas poderiam ser amainadas. Ou evitadas.
Quanta inquietação infantil, manhas e teimosias poderiam ser diluídas, com a formalidade de bênçãos aos filhos.
Isso porque a palavra carrega as vibrações de quem as pronuncia. Essas vibrações envolvem o ser a quem são dirigidas.
Podemos imaginar–nos, pais amorosos, dizendo ao filho: Deus te abençoe, o quanto de bênçãos a ele endereçamos.
Podemos cogitar de que, tantas vezes pronunciado o desejo, o mantemos envolvido em um halo de reconforto.
As bênçãos de Deus.
Tão esquecidas e tão ao nosso alcance.
* * *
Você, pai ou mãe, avô ou avó, tio ou tia, padrinho ou madrinha, que ama esse pequeno ser que viu nascer, que observa crescer, que o deseja feliz e triunfante, pense nisso!
Pense nisso e comece a utilizar o Deus te abençoe, Deus te guarde, Deus te proteja, muitas vezes.
Constatará, após um tempo, os benefícios alcançados, que se traduzirão em menos rebeldias e teimosias; menos explosões de raiva e egoísmo; mais aconchego...
Tente e constatará porque as bênçãos de Deus são vibrações inigualáveis.
Como o sol que espanta o frio e ilumina o Mundo, elas aquecerão o coração da sua criança, o seu também e todos seremos muito mais felizes.
Com as bênçãos de Deus.

Redação do Momento Espírita

FONTE -  ESPIRITBOOK

A VITÓRIA APARENTE DO MAL









As manifestações de violências física e moral, tais como assassínios, seqüestros, corrupção, improbidade administrativa do bem comum, manifestações de ódio, de fanatismo e de preconceitos, que assolam o mundo atual, induzem-nos a crer que o mal esteja levando a melhor... Mas, na realidade, seu recrudescimento é sinal do seu desespero e sua vitória é aparente.

As investidas do mal não escapam da dialética que regula o processo evolutivo da Natureza. Cada manifestação sua traz implícita a proposta de medidas para sanear seus efeitos deletérios. Dessa forma, o mal praticado pelo homem vai forçando a sua própria transformação, pois, como Espírito imortal e submetido à lei de causa e efeito, colhe os frutos de sua má semeadura como medida corretiva.

A tese de que o bem poderá florescer do mal é para os materialistas contraditória e absurda. O chão endurecido deve ser rasgado pela lâmina afiada do arado, tornando-o receptivo à semente e à absorção da bênção divina da chuva; sem a violência do cinzel a pedra bruta disforme não se transformará em obra de arte; e, com o fustigo causticante do forno, a argila mole e sem beleza torna-se cerâmica valiosa e útil.

Acreditemos, o homem não é mau por natureza. Confúcio ensinava que a tendência natural do homem é para o bem, assim como a tendência da água é fluir para baixo. Pode-se represar a água e fazê-Ia subir morro acima, contrariando sua natureza. Quando o homem é forçado a fazer o que não é bom, sua natureza está sendo manipulada, tal como a água represada.

A grande maioria dos homens tem dificuldade em compreender que o mal é transitória criação nossa. Essa dificuldade reside no fato de não se admitir a reencarnação; que a existência atual do indivíduo e da sociedade reflete as ações das anteriores; que colhemos, na atualidade, o bem e o mal que plantamos em existências passadas.

Tem-se perguntado onde está Deus, que não vê tamanhas escabrosidades, e por que, pelo ato de sua vontade não transforma tudo... Responde com muita sabedoria o Mentor Gúbio - "[...] o Senhor do Universo aperfeiçoa o caráter dos filhos transviados de Sua Casa, usando corações endurecidos, temporariamente afastados de Sua Obra [...]"1.

Enganam-se, portanto, os homens maus, quando acreditam que estão trabalhando contra o Bem, porque, na realidade, são ferramentas divinas a serviço da lei de evolução, que faz com que todos nós sejamos conduzidos a Deus. Logo, o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir seus fins, que são a perfeição.

O mal é o bem enfermado. Khalil Gibran coloca na boca do seu profeta um elevado conceito do mal, ao responder aos anciãos que lhe pediam falassem do bem e do mal. "Do bem que está"em vós - disse o profeta - poderei falar, mas não do mal. Pois que é o mal senão o próprio bem torturado por sua fome e sede?"2.

O Codificador, preocupado com a maldade humana, interrogou os Espíritos:

"Bastante grande é a perversidade do homem. Não parece que, pelo menos do ponto de vista moral, ele, em vez de avançar, caminha aos recuos?"

"Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que o homem . se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos. Faz-se mÍster que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas."3

A resposta do Espírito foi profética, pois o bem nunca esteve tão presente entre nós, à medida que o mal se excede. Façamos um exercício e recuemos na linha do tempo por pouco mais de meio século e lá não encontraremos as leis de proteção à criança, ao jovem, ao idoso; nem aos necessita dos de cuidados especiais e à mulher violentada; nem o amor e os cuidados especiais aos animais domésticos e a proteção aos silvestres; nem à Natureza como um todo. Todas essas leis e avanços sentimentais surgiram em razão do abuso desmesurado da ganância, do egoísmo e desumanidade de alguns. Atualmente, presenciamos manifestações de solidariedade de homens bons, que não têm registro no passado, a não ser em casos isolados, merecendo, por isso mesmo, destaque. Não podemos ficar indiferentes ao surgimento de organizações não-governamentais destinadas à orientação, proteção e amparo de segmentos minoritários da sociedade, de crianças abandonadas, de velhos sem família, mães solteiras, de doentes execrados pelo preconceito, admitidno ser tudo isso sinal da evolução do sentimento de solidariedade de forma contínua e organizada, e não apenas manifestado em momentos de calamidades públicas, quando falam mais alto as emoções e a sedução da mídia.

A Terra é a escola milenar. de nossa recuperação - Espíritos que nos rebelamos contra o Regimento Divino. Para que o Planeta galgue a condição de escola regeneradora, nada mais justo que sejamos submetidos ao processo de burilamento, exigindo-se de nós o exercício da paciência ativa, da fé com obras, do amor incondicional ao próximo e da justiça social. E são os temporariamente maus os nossos treinadores.

Prezado leitor, temos todos a mesma preocupação: a de extinguir o mal. Mas como fazer isso se não nos dispormos a combatê-lo? Ensina-nos a Sabedoria do Alto que o mal é oriundo da negligência do bem. Logo, devemos seguir o exemplo de Jesus, não apenas pregando a Boa Nova para quem nos queira ouvir, mas, acima de tudo, guerreando o mal

com o bem; aprimorando a prática da caridade em todas as direções; transformando o trabalho em fonte de paz; não permitindo que o desânimo nos impeça de realizar boas obras; cultivando a paciência nos momentos difíceis da provação; admitindo que o outro sofre tanto ou mais que cada um de nós; ouvindo a voz da consciência, sem dar azo às conveniências a nosso favor; confiando sempre na vitória da luz, mesmo quando tudo pareça estar sob o domínio das sombras... Confiando com Jesus, que o Reino dos Céus se fará entre nós.

Referências: 


1. XAVIER, Francisco Cândido. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. Ed. Especial, Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 2, p. 35.

2. GIBRAN, Gibran Khalil. O profeta. Traduçâo de Mansur Challita. 8. ed. ilustrada, Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira. p. 61.

3. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. ' 88. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Questão 784
Por Waldehir Bezerra de Almeida
Revista Reformador - Federação Espírita Brasileira
Ano 125 - Janeiro / 2007

Fonte -  espiritbook

A REALIDADE ESPIRITUAL DE MARIA DE NAZARÉ





O último capítulo do livro “Boa Nova”, de Humberto de Campos (Espírito), retrata a verdadeira realidade espiritual de Maria de Nazaré, mãe de Jesus, que lhe conhecia a missão e teve um papel importante na comunidade da doutrina Cristã que nascia.
203.      Diante de Jesus na cruz, ao relembrar sua infância, Maria sentiu a dor de uma mãe que perde o filho sem compreender que fizera seu filho para merecer aquilo.
a)   Maria, desde esse instante, dá para todos nós um grande exemplo de humildade;
b)   Sente-se ansiosa e triste, porém recorda a assistência de Deus em todos os momentos de sua vida;
c)    A dor de Maria surgia da condição de mãe que o mundo lhe exigia;
d)   Porém, sua humildade abria-lhe o coração à verdade do Deus amor que seu filho exemplificara, o que lhe deu a força moral para conseguir passar pela situação.

203.      Com a chegada de João Evangelista, que abraça Maria na hora extrema de Jesus, o Mestre nos deixa uma linda lição sobre o verdadeiro parentesco e a vida após a morte.
a)   Ao apontar João e dizer à própria mãe “eis aí teu filho”, Jesus dá a Maria uma chave para libertar o próprio coração pela perda de um ente querido: o DESAPEGO;
b)   Se amar o próximo é fazer todo o bem que você pode a quem está a seu lado, não faz sentido chorar por aqueles que já passaram ao lado espiritual da vida;
c)    Jesus e a Doutrina Espírita comprovaram que a vida continua no plano espiritual;
d)   Ao mesmo tempo, Jesus nos ensinou a realidade do Deus Amor e também a Caridade como maior dos mandamentos;
e)    Assim, o Mestre quis mostrar que, ao perder um filho, uma mãe ganha a humanidade inteira de “próximos” por quem pode fazer o bem;
f)     Um pai, uma mãe, os filhos ou parentes próximos são sempre obras de amor inadiáveis, a primeira escola da Caridade;
g)   Mas o lar será sempre o início do trabalho para que o Espírito chegue ao amor universal;
h)   Eis o sentido de enxergarmos a todos como “irmãos”, nosso verdadeiro parentesco espiritual.

203.      Nos anos seguintes à morte de Jesus, a vida de Maria seguiu emoldurada pela saudade e pelas desavenças entre os seguidores. Até que muda-se com João para Éfeso, onde as ideias de Jesus começavam a ganhar espaço entre pessoas simples e sinceras.
a)   Deixando as discussões estéreis para trás, Maria e João buscam um lugar simples em que pudessem levar a mensagem consoladora de Jesus;
b)   Reúnem cada vez mais pessoas em busca das boas notícias do Evangelho de Jesus;
c)    Enquanto João pregava na cidade, Maria atendia em seu próprio lar os desventurados e espalhava esperança entre os sofredores;
d)   Certa vez, quando um miserável leproso beijou-lhe as mãos depois de ter suas úlceras aliviadas, disse, reconhecido, que a mãe do mestre era “nossa Mãe Santíssima”;
e)    Maria se esquivava dos elogios, mas quem não buscava em suas memórias e em sua doçura uma palavra de mãe que acalmasse o coração?
f)     E aos desventurados e sofredores, Maria ensinava a paciência: “Isso passa. Só o reino de Deus é bastante forte para nunca passar de nossas almas, como eterna realização do amor celestial.”
g)   Enquanto o núcleo cristão de Éfeso crescia, exigindo do tempo de João, Maria vivia quase sempre só, depois que a multidão de necessitados voltava a seus lares.

203.      Os anos passaram e, no serviço ao próximo, as lembranças de Maria foram se atenuando. Com a prática da Caridade, Maria não sentia os incômodos da velhice —nem cansaços, nem amarguras. A certeza da proteção de Deus lhe dava consolo constante. Quando chegam as notícias das perseguições aos seguidores do Cristo em Roma, eis que certa noite chega-lhe um visitante:

“Minha mãe”, exclamou o recém-chegado, como tantos outros que recorriam ao seu carinho, “venho fazer-te companhia e receber a tua bênção”.
Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com aquela voz que lhe inspirava profunda simpatia. O peregrino lhe falou do céu, confortando-a delicadamente. Comentou as bem-aventuranças divinas que aguardam a todos os devotados e sinceros filhos de Deus, dando a entender que lhe compreendia as mais ternas saudades do coração. Maria sentiu-se empolgada por tocante surpresa. Que mendigo seria aquele que lhe acalmava as dores secretas da alma saudosa, com bálsamos tão dulçorosos? Nenhum lhe surgira até então para dar; era sempre para pedir alguma coisa. No entanto, aquele viandante desconhecido lhe derramava no íntimo as mais santas consolações. Onde ouvira noutros tempos aquela voz meiga e carinhosa?! Que emoções eram aquelas que lhe faziam pulsar o coração de tanta carícia? Seus olhos se umedeceram de ventura, sem que conseguisse explicar a razão de sua terna emotividade.
Foi quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos generosas e lhe falou com profundo acento de amor:
“Minha mãe, vem aos meus braços!”
Nesse instante, fitou as mãos nobres que se lhe ofereciam, num gesto da mais bela ternura. Tomada de comoção profunda, viu nelas duas chagas, como as que seu filho revelava na cruz e, instintivamente, dirigindo o olhar ansioso para os pés do peregrino amigo, divisou também aí as úlceras causadas pelos cravos do suplício. Não pôde mais. Compreendendo a visita amorosa que Deus lhe enviava ao coração, bradou com infinita alegria:
“Meu filho! meu filho! as úlceras que te fizeram!…”
E precipitando-se para ele, como mãe carinhosa e desvelada, quis certificar-se, tocando a ferida que lhe fora produzida pelo último lançasso, perto do coração. Suas mãos ternas e solícitas o abraçaram na sombra visitada pelo luar, procurando sofregamente a úlcera que tantas lágrimas lhe provocaram ao carinho maternal. A chaga lateral também lá estava, sob a carícia de suas mãos. Não conseguiu dominar o seu intenso júbilo. Num ímpeto de amor, fez um movimento para se ajoelhar. Queria abraçar-se aos pés do seu Jesus e osculá-los com ternura. Ele, porém, levantando-a, cercado de um halo de luz celestial, se lhe ajoelhou aos pés e, beijando-lhe as mãos, disse em carinhoso transporte:
“Sim, minha mãe, sou eu!… Venho buscar-te, pois meu Pai quer que sejas no meu reino a Rainha dos Anjos.”
Maria cambaleou, tomada de inexprimível ventura. Queria dizer da sua felicidade, manifestar seu agradecimento a Deus; mas o corpo como que se lhe paralisara, enquanto aos seus ouvidos chegavam os ecos suaves da saudação do Anjo, qual se a entoassem mil vozes cariciosas, por entre as harmonias do céu.
No outro dia, dois portadores humildes desciam a Éfeso, de onde regressaram com João, para assistir aos últimos instantes daquela que lhes era a devotada Mãe Santíssima.”

203.      Antes de partir em definitivo para seus novos aprendizados espirituais, Maria desejou, já em Espírito, rever os cristãos que estavam presos sob o martírio dos romanos. É então conduzida pela caravana espiritual que lhe assistia até lá, onde nos deixa maravilhosa lição.
a)   Maria não enxerga o desenlace do corpo físico como uma libertação de um “vale de sombras”;
b)   Nem se afasta da dificuldade do próximo ao partir;
c)    Tendo alcançado a sublime felicidade com a Caridade e o retorno do próprio filho, quer dividir sua felicidade com os que mais sofriam naquele instante;
d)   Sua simples aproximação espiritual banhou os cárceres de Roma num consolo desconhecido;
e)    Sentindo-se verdadeira mãe dos sofredores do mundo, Maria compartilhou das angústias de todos, reforçando em cada um as preces e a confiança em Deus;
f)     Desejou dar a eles uma lembrança perene, mas pensou: que possuía ela para lhes dar?
g)   Decidiu então deixar entre eles a força da alegria, e convidando uma jovem encarcerada a cantar, deixa-nos sua mensagem eterna como aquela por quem nasceu nosso Amigo e Mestre:
“Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!… Convertamos as nossas dores da Terra em alegrias para o Céu!”
Eis o exemplo e a mensagem de Nossa Mãe Espiritual, que desde então auxilia Jesus e o Pai a reconduzir todos aqueles que sofrem e se enganam ao verdadeiro Caminho da Luz e da Caridade.


Espírito Amigo
Fonte: "Blog dos Espíritos"


A PRECE PELA FÉ


     



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            Meus amigos, Paz seja convosco.
            É sempre para nós motivo de satisfação estarmos em contato, ligados pelo pensamento aos nossos amigos e irmãos da terra, aqueles a quem nos prendem laços de simpatia, de parentesco humano e de amizade.
            Para nós, é sempre motivo de alegria virmos aos seus trabalhos na Seara do Amado Mestre, pois, como constantemente se vos repete, a Seara é grande, mas poucos são os trabalhadores.
            Constitui para nós prazer imenso podermos estar ao lado dos que se esforçam por difundir a verdade entre os que procuram esconde-la; dos que se empenham por fazer que a luz brilhe em toda parte, espancando as trevas da ignorância humana.
            Meus amigos, percebemos e sentimos as vossas lutas, as dificuldades que tendes de enfrentar, para conseguir que a verdade chegue a todas as consciências. Percebemos e sentimos os tropeços que a todos os momentos vos surgem à frente, quando tentais que o Evangelho do divino Mestre seja estudado com amor. Mas, por isso mesmo, regozijamos, quando testemunhamos a boa vontade com que vos reunis para o estudo desse mesmo Evangelho, que um dia há de fazer completa a felicidade de todas as criaturas.
            Preciso, entretanto, é que tenhais perfeita compreensão e convicção plena do que estais fazendo; preciso se torna não esmoreçais em meio da jornada. O que necessário se faz, acima de tudo, é ter fé, pois os que tiverem fé não só se salvarão, como salvarão também todos os que lhes estiverem aos lados.
            Trabalhai, portanto, mas procurando constantemente abrigar-vos sob a fronde da árvore da fé. Nas horas trágicas, ou simplesmente tristes e dolorosas, ponde-vos à sombra dessa árvore porque ela vos dará o conforto de que carecerdes. Nos momentos aflitivos, procurai-a, para que as gotas de orvalho que se lhe desprendem das folhas caiam sobre vós, e calmos vos sintais nas vossas dores e aflições. 
            Ainda nas ocasiões mais árduas, lutai, tende ânimo e caminhai decididos para a árvore da fé, que se acha sempre pronta a oferecer-vos os belos frutos que farão a vossa felicidade e a de todos os vossos e nossos irmãos.
            A fé é o caminho para a prece. Quem tem fé já reúne em seu coração as condições necessárias a uma prece ardente e fecunda. Orai com fé, vigiai com fé e, nas horas das tremendas lutas que se avizinham, com mais fé ainda orai e, unidos, vigiai com mais fervor.
            Que Deus vos ampare e Jesus vos conforte com o seu amor.    

por Bezerra de Menezes psicografia recebida na FEB
(reunião da Comissão de Assistência aos Necessitados)
e publicada no Reformador (FEB) em Maio 1938


FONTE -  ESPIRITBOOK