O último capítulo do livro “Boa Nova”,
de Humberto de Campos (Espírito), retrata a verdadeira realidade espiritual de
Maria de Nazaré, mãe de Jesus, que lhe conhecia a missão e teve um papel
importante na comunidade da doutrina Cristã que nascia.
203. Diante
de Jesus na cruz, ao relembrar sua infância, Maria sentiu a dor de uma mãe que
perde o filho sem compreender que fizera seu filho para merecer aquilo.
a) Maria, desde esse
instante, dá para todos nós um grande exemplo de humildade;
b) Sente-se ansiosa e
triste, porém recorda a assistência de Deus em todos os momentos de sua vida;
c) A dor de Maria
surgia da condição de mãe que o mundo lhe exigia;
d) Porém, sua humildade
abria-lhe o coração à verdade do Deus amor que seu filho exemplificara, o que
lhe deu a força moral para conseguir passar pela situação.
203. Com
a chegada de João Evangelista, que abraça Maria na hora extrema de Jesus, o
Mestre nos deixa uma linda lição sobre o verdadeiro parentesco e a vida após a
morte.
a) Ao apontar João e dizer
à própria mãe “eis aí teu filho”, Jesus dá a Maria uma chave para libertar o
próprio coração pela perda de um ente querido: o DESAPEGO;
b) Se amar o próximo é fazer
todo o bem que você pode a quem está a seu lado, não faz sentido chorar por
aqueles que já passaram ao lado espiritual da vida;
c) Jesus e a Doutrina
Espírita comprovaram que a vida continua no plano espiritual;
d) Ao mesmo tempo, Jesus
nos ensinou a realidade do Deus Amor e também a Caridade como maior dos
mandamentos;
e) Assim, o Mestre
quis mostrar que, ao perder um filho, uma mãe ganha a humanidade inteira de
“próximos” por quem pode fazer o bem;
f) Um pai, uma
mãe, os filhos ou parentes próximos são sempre obras de amor inadiáveis, a
primeira escola da Caridade;
g) Mas o lar será sempre o
início do trabalho para que o Espírito chegue ao amor universal;
h) Eis o sentido de
enxergarmos a todos como “irmãos”, nosso verdadeiro parentesco espiritual.
203. Nos
anos seguintes à morte de Jesus, a vida de Maria seguiu emoldurada pela saudade
e pelas desavenças entre os seguidores. Até que muda-se com João para Éfeso,
onde as ideias de Jesus começavam a ganhar espaço entre pessoas simples e
sinceras.
a) Deixando as discussões
estéreis para trás, Maria e João buscam um lugar simples em que pudessem levar
a mensagem consoladora de Jesus;
b) Reúnem cada vez mais
pessoas em busca das boas notícias do Evangelho de Jesus;
c) Enquanto João
pregava na cidade, Maria atendia em seu próprio lar os desventurados e
espalhava esperança entre os sofredores;
d) Certa vez, quando um
miserável leproso beijou-lhe as mãos depois de ter suas úlceras aliviadas,
disse, reconhecido, que a mãe do mestre era “nossa Mãe Santíssima”;
e) Maria se esquivava
dos elogios, mas quem não buscava em suas memórias e em sua doçura uma palavra
de mãe que acalmasse o coração?
f) E aos
desventurados e sofredores, Maria ensinava a paciência: “Isso passa. Só o reino
de Deus é bastante forte para nunca passar de nossas almas, como eterna
realização do amor celestial.”
g) Enquanto o núcleo
cristão de Éfeso crescia, exigindo do tempo de João, Maria vivia quase sempre
só, depois que a multidão de necessitados voltava a seus lares.
203. Os
anos passaram e, no serviço ao próximo, as lembranças de Maria foram se
atenuando. Com a prática da Caridade, Maria não sentia os incômodos da velhice
—nem cansaços, nem amarguras. A certeza da proteção de Deus lhe dava consolo
constante. Quando chegam as notícias das perseguições aos seguidores do Cristo
em Roma, eis que certa noite chega-lhe um visitante:
“Minha mãe”, exclamou o recém-chegado,
como tantos outros que recorriam ao seu carinho, “venho fazer-te companhia e
receber a tua bênção”.
Maternalmente, ela o convidou a entrar,
impressionada com aquela voz que lhe inspirava profunda simpatia. O peregrino
lhe falou do céu, confortando-a delicadamente. Comentou as bem-aventuranças
divinas que aguardam a todos os devotados e sinceros filhos de Deus, dando a
entender que lhe compreendia as mais ternas saudades do coração. Maria
sentiu-se empolgada por tocante surpresa. Que mendigo seria aquele que lhe
acalmava as dores secretas da alma saudosa, com bálsamos tão dulçorosos? Nenhum
lhe surgira até então para dar; era sempre para pedir alguma coisa. No entanto,
aquele viandante desconhecido lhe derramava no íntimo as mais santas
consolações. Onde ouvira noutros tempos aquela voz meiga e carinhosa?! Que
emoções eram aquelas que lhe faziam pulsar o coração de tanta carícia? Seus
olhos se umedeceram de ventura, sem que conseguisse explicar a razão de sua
terna emotividade.
Foi quando o hóspede anônimo lhe
estendeu as mãos generosas e lhe falou com profundo acento de amor:
“Minha mãe, vem aos meus braços!”
Nesse instante, fitou as mãos nobres
que se lhe ofereciam, num gesto da mais bela ternura. Tomada de comoção
profunda, viu nelas duas chagas, como as que seu filho revelava na cruz e,
instintivamente, dirigindo o olhar ansioso para os pés do peregrino amigo,
divisou também aí as úlceras causadas pelos cravos do suplício. Não pôde mais.
Compreendendo a visita amorosa que Deus lhe enviava ao coração, bradou com
infinita alegria:
“Meu filho! meu filho! as úlceras que
te fizeram!…”
E precipitando-se para ele, como mãe
carinhosa e desvelada, quis certificar-se, tocando a ferida que lhe fora
produzida pelo último lançasso, perto do coração. Suas mãos ternas e solícitas
o abraçaram na sombra visitada pelo luar, procurando sofregamente a úlcera que
tantas lágrimas lhe provocaram ao carinho maternal. A chaga lateral também lá
estava, sob a carícia de suas mãos. Não conseguiu dominar o seu intenso júbilo.
Num ímpeto de amor, fez um movimento para se ajoelhar. Queria abraçar-se aos
pés do seu Jesus e osculá-los com ternura. Ele, porém, levantando-a, cercado de
um halo de luz celestial, se lhe ajoelhou aos pés e, beijando-lhe as mãos,
disse em carinhoso transporte:
“Sim, minha mãe, sou eu!… Venho
buscar-te, pois meu Pai quer que sejas no meu reino a Rainha dos Anjos.”
Maria cambaleou, tomada de inexprimível
ventura. Queria dizer da sua felicidade, manifestar seu agradecimento a Deus;
mas o corpo como que se lhe paralisara, enquanto aos seus ouvidos chegavam os
ecos suaves da saudação do Anjo, qual se a entoassem mil vozes cariciosas, por
entre as harmonias do céu.
No outro dia, dois portadores humildes
desciam a Éfeso, de onde regressaram com João, para assistir aos últimos
instantes daquela que lhes era a devotada Mãe Santíssima.”
203. Antes
de partir em definitivo para seus novos aprendizados espirituais, Maria
desejou, já em Espírito, rever os cristãos que estavam presos sob o martírio
dos romanos. É então conduzida pela caravana espiritual que lhe assistia até
lá, onde nos deixa maravilhosa lição.
a) Maria não enxerga o desenlace
do corpo físico como uma libertação de um “vale de sombras”;
b) Nem se afasta da
dificuldade do próximo ao partir;
c) Tendo alcançado a
sublime felicidade com a Caridade e o retorno do próprio filho, quer dividir
sua felicidade com os que mais sofriam naquele instante;
d) Sua simples aproximação
espiritual banhou os cárceres de Roma num consolo desconhecido;
e) Sentindo-se
verdadeira mãe dos sofredores do mundo, Maria compartilhou das angústias de
todos, reforçando em cada um as preces e a confiança em Deus;
f) Desejou dar
a eles uma lembrança perene, mas pensou: que possuía ela para lhes dar?
g) Decidiu então deixar
entre eles a força da alegria, e convidando uma jovem encarcerada a cantar,
deixa-nos sua mensagem eterna como aquela por quem nasceu nosso Amigo e Mestre:
“Canta, minha filha! Tenhamos bom
ânimo!… Convertamos as nossas dores da Terra em alegrias para o Céu!”
Eis o exemplo e a mensagem de Nossa Mãe
Espiritual, que desde então auxilia Jesus e o Pai a reconduzir todos aqueles
que sofrem e se enganam ao verdadeiro Caminho da Luz e da Caridade.
Espírito
Amigo
Fonte: "Blog dos Espíritos"
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