Em 19.5.04, distribuí texto pela
internet sobre o espírito André Luiz, mostrando-lhe os olhos e informando que o
médium Waldo Vieira identificara para um amigo dele (e meu) quem era realmente
o famoso médico carioca. Naquele texto, voltei a explicar que, no início da
década de 70, após extenuante pesquisa com 286 médicos desencarnados de 1926 a
1936 (68 foram categoricamente de doenças ou cirurgias gastro-intestinais), eu
houvera chegado ao verdadeiro nome, que nada tem a ver com Carlos Chagas,
Miguel Couto, Osvaldo Cruz ou Francisco de Castro, os mais citados. O médium
Francisco Cândido Xavier me confirmara o nome, mas considerou que a identidade
deveria ser mantida em segredo.
Durante minhas pesquisas aconteceu o
menos esperado: a família soube dos meus passos e me procurou. Percebi então
que o Chico tinha razão quanto a sermos cautelosos e disse àqueles familiares -
que já sabiam de tudo - que, de minha parte, o público ainda nada saberia.
Guardei esse segredo até a recente
distribuição do texto pela internet, quando divulguei junto os olhos de André
Luiz, receoso de que a revelação do Waldo se espalhasse sem mais controle.
Agora porém tudo mudou e não vejo mais motivo para qualquer reserva. Pretendo
contar tudo e até publicar minha pesquisa em livro, pois não sei quem conheça
mais detalhes dessa história do que eu; não apenas em relação às ponderações do
Chico, mas também relativamente à conversa que tive com a família de André
Luiz.
A pessoa a quem o Waldo passou a
informação é meu amigo, Osmar Ramos Filho. Ele é o autor da extraordinária obra
O Avesso de um Balzac Contemporâneo, análise de amplo espectro do livro Cristo
Espera por Ti, de Honoré Balzac, psicografado pelo Waldo Vieira. Um estudo
notável de corroboração da mediunidade do Waldo. Acertei com o Osmar que
continuaríamos mantendo segredo, transferindo para meu filho Luciano dos Anjos
Filho o encargo de fazer a identificação pública, quando as circunstâncias se
mostrassem propícias, isto é, ao tempo em que a conduta terrena de André Luiz,
narrada em Nosso Lar, pudesse ser melhor assimilada pelos descendentes.
Por que meu novo posicionamento?
Afirmei certa vez que, após a precisão da minha pesquisa, o Chico havia passado
para o Newton Boechat a identificação correta. Eles eram muito amigos, muito
ligados. A atitude do Chico, portanto, nunca me surpreendeu, especialmente ao
constatar que eu já havia chegado ao nome certo. Em qualquer circunstância
acabaria ali o mistério. E - confesso hoje mais claramente - eu sabia que o
Boechat sabia, pois a respeito disso conversamos várias vezes, sempre sem
nenhuma testemunha.
Ocorre que o Newton Boechat achou por
bem abrir uma exceção e estendeu a identificação, também em caráter
confidencial, a uma outra pessoa. E esta, por motivos que ignoro, recentemente
repassou a informação para mais alguém, num lamentável e inconseqüente deslize
verbal. Bem, agora já se trata de segredo condominial. Estão querendo inclusive
publicar um livro sobre a vida do verdadeiro André Luiz. Já tem até editora. A
intenção é temerária, porque nem sabem da conversa que tive com os familiares.
O levantamento dos dados está sendo feito às pressas e em sigilo, naturalmente
para parecer que a identificação já era conhecida antes de mim. Como não sou
tão ingênuo como os mais ingênuos supõem, estou agora abortando essa
esperteza.Já relembrei que desde o início da década de 70 divulguei na
imprensa, por mais de uma vez, minha pesquisa, embora sem revelar o resultado
final. Não seria, pois, tão necessária essa minha decisão de agora, pois
ninguém no movimento espírita desconhece meu trabalho. Mas já apareceu até quem
dissesse que foi um velho amigo meu de Franca que me passou o segredo. Lorota
de alto vôo e alta envergadura, seja lá de quem for a versão e diante da qual
os que me conhecem preferem acreditar que os condores têm medo das alturas...
Ninguém mais além de mim, do Newton Boechat, do Chico e do Waldo (estes dois
obviamente) sabiam da verdadeira identidade de André Luiz. Incluo ainda a
discreta e amorável Maria Laura Hermida de Salles Gomes (Mariazinha), que se
relacionava com uma sobrinha de André Luiz e a qual teve papel importante na
conexão com o Chico e o Waldo. Pouco depois, mais aquele amigo do Newton
Boechat passou a saber também, em caráter excepcional. Foi ele que, aperaltando
assunto tão sério, acabou contando para quem está agora esboçando o livro.
Minimizar minha pesquisa fazendo dela fruto de mera informação do amigo
francano é denunciar a si mesmo de oportunista, enquanto perambula pelo
humorismo barato dos pobres de espírito, na tentativa de ignorar que uma lorota
dessas só é degustável com sal de fruta.
Ora, nesse ritmo, logo outros, muitos
outros, todos saberão e, se eu esperasse o tal livro aparecer, ninguém mais
deixaria de saber, com todos os holofotes em quem tomou o bonde andando. Eis
por que, nesta data, me antecipo e universalizo o segredo.
FAUSTINO ESPOSEL
André Luiz é Faustino Esposel.
Faustino Monteiro Esposel nasceu na
rua dos Araújos nº 10, bairro do Engenho Velho, cidade do Rio de Janeiro
(registro 14º 69), em 10.8.1888. Desencarnou no Rio de Janeiro, às 17 horas de
16.9.1931, residindo então na rua Martins Ferreira nº 23, no bairro nobre de
Botafogo. Era filho de João Paiva dos Anjos Esposel e de Maria Joaquina
Monteiro (filha reconhecida, ou seja, não registrada oficialmente).
Ele nasceu no Rio de Janeiro, em
29.5.1847, conforme registro de batismo feito em 2.8.1847 (livro AP 1199, fls.
128 v.), na Catedral e Capela Imperial de Nossa Senhora do Monte Carmo.
Desencarnou de tísica, no Rio de Janeiro, em Irajá, em 1º.5.1900, sendo
sepultado no carneiro CP 1814 quadra 39 do cemitério de São João Batista. Foi a
mulher dele, Maria Joaquina Monteiro, quem mandou fazer a sepultura. Ela
desencarnou no Engenho Velho, no Rio de Janeiro, em 29.9.1910, portanto, dez
anos depois dele. Casados no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro nº 6º,
35), em 7.12.1871.João Paiva dos Anjos Esposel e Maria Joaquina Monteiro
tiveram os seguintes filhos:1. Oscar Monteiro Esposel, nascido no Engenho
Velho, Rio de Janeiro (registro 8º 73). Casado com Orminda Monteiro Esposel.
Moravam na rua Bambina (estou omitindo o número de propósito). Seu filho, Léo
Esposel, em 1974 estava casado com Maria de Lourdes Ribeiro Esposel. Tinha
também três filhas, Lívia Monteiro Esposel, que morava em 1974 na praia do
Flamengo (idem, idem), Ida Esposel Neves e Elza Esposel. Orminda nasceu em
1884, no Rio de Janeiro, tendo desencarnado em novembro de 1978, quando morava
na praia do Flamengo. Oscar e Orminda tinham sete netos (Luiz, Francisco,
Nélida, Consuelo, Maria Cristina, Mônica e Patrícia) e oito bisnetos (Marcos
André, Luiz, Guilherme, Marcelo, Ricardo, Luciana, Márcia e Camila).2. Noêmia
Monteiro Esposel, nascida no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 10º v.).3.
Mário Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 11º,
64). Era almirante. Em 1975 morava na rua Prudente de Morais (idem, idem).4.
Adolfo Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, no Rio de Janeiro, em
30.11.1885. Desencarnou com apenas quatro meses, no Rio de Janeiro, em 13.4.1886,
na rua dos Araújos nº 10, tendo sido sepultado no cemitério do Caju (4m.B.d.).
(Em Nosso Lar aparece como menina, mas na verdade era um menino. Quando
desencarnou, em 1886, Faustino ainda não era nascido, o que só vai acontecer
dois anos depois, em 1888. André Luiz deslocou o acontecimento para depois do
nascimento dele, quando ele era "pequenino".)
5. Carlos Monteiro Esposel, nascido
no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 12º 4v). Em 1974 morava na rua São
Salvador (idem, idem). Mudou-se depois para a rua Paissandu (idem, idem).
Acabou indo morar em Santa Catarina.6. Faustino Monteiro Esposel.
Eram avós paternos de Faustino
Esposel: José Maria dos Anjos Esposel e Margarida Maria; e avós maternos:
Isidro Borges Monteiro (desembargador) e Paulina Luísa de Jesus.
João Paiva dos Anjos Esposel, pai do
Faustino, tinha um irmão chamado Joaquim Maria dos Anjos Esposel (1842-1897),
casado com Maria José de Barros Carvalho (filha de Delfim Carlos de Carvalho,
barão da Passagem, herói da primeira guerra do Paraguai, e de Ana Elisa de
Mariz e Barros, filha do visconde de Inhaúma). O casamento foi celebrado na
igreja de São José. Tiveram quatro filhos:
1. Alice Esposel (casada com
Andrônico Tupinambá).
2. Dulce Esposel (casada primeiro com
Sabino Elói Pessoa e, em segundasnúpcias, com Joaquim Bernardo da Cruz Secco).
3. Eponina Esposel (casada com
Alberto da Costa Rodrigues).
4. Delfina Esposel.
(Há uma rua no Rio de Janeiro chamada
Joaquim Esposel.)
Faustino Esposel tinha muitos
sobrinhos, dentre os quais Lívia Monteiro Esposel, Elza, Ida Esposel Neves,
Lúcia e Léo, casado com Maria de Lourdes Ribeiro Esposel (todos residentes no
Rio de Janeiro). E sobrinhos-netos: Élcio (almirante), Carlos, Ronaldo (morava
em 1974 na rua Prudente de Moraes, era comerciante de couro, casacos de couro,
ligado ao Jockey Club Brasileiro). Todos pessoas de bem.
Outros parentes: Laís de Niemeyer
Esposel, residente em 1974 na av. Vieira Souto, desencarnada em fevereiro de
1994; Jayme Carneiro de Campos Esposel, residente em 1974 na estrada do Joá,
era capitão de fragata quando comandou o contratorpedeiro Ajurieda, de 16.10.56
a 29.11.1957; Marcello, residente em 1974 na rua Cândido Mendes. Nomes de
respeitabilidade entre os que os conhecem.
Faustino Esposel casou com Odette
Portugal Esposel, conhecida por Detinha. Era filha do médico José Teixeira
Portugal, nascido em 1874 e desencarnado em 1927. Ela nasceu em 6.6.1900 e
desencarnou em 5.2.1978. A missa foi rezada no dia 13 daquele mês, na igreja de
Santa Margarida Maria, na Lagoa.Irmã da Odette Portugal Esposel: Olga Portugal,
viúva de Gumercindo Loretti da Silva Lima, casada em segundas núpcias com o
primo Arthur Machado Castro, que tinha uma irmã chamada Lygia. Odette e Olga
tiveram uma filha: Regina, casada com Jorge C. Dodsworth. Gumercindo Loretti
foi figura muito ligada aos ideais do escotismo e tinha um irmão, Jarbas
Loretti da Silva Lima, diplomata e poeta, nascido em 1868, no Rio de Janeiro,
autor de Vozes Andinas, 1918.
Faustino Monteiro Esposel e Odette
Portugal Esposel moravam na rua Martins Ferreira nº 23, em Botafogo, cidade do
Rio de Janeiro. A partir de 1954, a casa passou a ser propriedade da Associação
de Educação Católica do Brasil, subordinada à Conferência dos Religiosos do
Brasil e que permaneceu ali até 1981, quando se transferiu para Brasília. A
casa passou a abrigar, então, a Creche Escola Favinho do Mel, patrocinada pela
Associação e dirigida por três senhoras que ali residem até hoje (2005). O
atual porteiro se chama “coincidentemente” André Luiz...
Faustino Esposel nasceu na capital
federal, no dia 10 de agosto de 1888. Era professor substituto da seção de
neurologia e psiquiatria da Faculdade de Medicina e reputado clínico,
catedrático de neurologia na Faculdade Fluminense de Medicina. Foi ainda chefe
do serviço da Policlínica de Botafogo e do Sanatório de Botafogo e médico da
Associação dos Empregados do Comércio. E era também sanitarista, portador por
concurso do título de docente de higiene da Escola Normal do Rio de Janeiro, na
qual foi continuamente encarregado de cursos complementares. Fez os estudos
primários na Escola Alemã, conhecia profundamente o idioma germânico, cursou
durante alguns anos o externato Mosteiro de São Bento. Formou-se em 1910 em
farmácia e em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde
defendeu tese sobre "Arteriosclerose cerebral", em que recebeu a nota
de distinção.
Durante o curso acadêmico, foi adido
dos serviços clínicos da 7ª e da 18ª enfermarias da Santa Casa da Misericórdia,
chefiadas respectivamente pelos mestres Miguel Couto e Paes Leme. Ainda nessa
época, exerceu o internato oficial da Clínica Pediátrica dos professores Barata
Ribeiro e Simões Corrêa.
Pouco após a formatura, candidatou-se
a médico da Assistência de Alienados do Rio de Janeiro, classificando-se em
primeiro lugar, pelo que foi nomeado assistente do Hospital Nacional de
Alienados. Chegou a titular de livre docente da Faculdade de Medicina,
exercendo ali o cargo de professor substituto de neurologia e psiquiatria.
Nessa condição teve ensejo de integrar diversas bancas examinadoras de teses de
doutoramento.
Foi ainda interno e assistente da
clínica neurológica e médico adjunto do Hospital da Misericórdia. Deixou muitos
trabalhos publicados sobre a especialidade, o que lhe permitiu ingressar em
diversas sociedades científicas nacionais e estrangeiras. Em 1918 fez parte da
missão médica brasileira que foi à Europa durante a I Grande Guerra. Como
representante do Brasil participou de congressos na Europa e na América do Sul.
Foi organizador e secretário-geral da Segunda Conferência Latino-Americana de
Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal. Sobre a epidemia de gripe no Hospital
Brasileiro, em Paris, apresentou em 1919 substancioso relatório ao chefe da
Missão Médica Brasileira. Recebeu honroso diploma do curso oficial de
Pierre-Marie, assinado por este famoso professor e pelo decano da Faculdade de
Paris, professor Roger.
Durante o impedimento do professor
Antônio Austregésilo Rodrigues de Lima, catedrático de Clínica Neurológica
(fora eleito para o Congresso Nacional), Faustino Esposel exerceu com brilho
aquela função, conquistando grande renome como didata. Conseguiu elevado prestígio
entre os seus colegas, gozando de justa projeção nos meios sociais. Aficionado
dos esportes, criou largo círculo de amizades nas rodas desportivas, em época
em que o futebol não era unanimidade nas elites do país.
Faustino Esposel desencarnou na
capital federal, às 17 horas do dia 16 de setembro de 1931, com 43 anos 1 mês e
7 dias. O sepultamento foi numa quinta-feira, no dia 17, às 16:30h, no
cemitério de São João Batista (registro 9817 – Quadra 12, Nº RG Livro 775 – p.
17). O corpo saiu da residência. Missa de 7º dia foi celebrada em 23.9.31, às
10 horas, na igreja da Candelária.
Antônio Austregésilo, amigo de
infância, assinou o atestado de óbito, nele fazendo constar, como causa da
morte, apenas uremia. Era portador de uma nefrite crônica. Entretanto, os
familiares sabiam e alguns descendentes vivos sabem que ele desencarnou de
câncer, o que foi omitido por todos os jornais da época, que apenas
mencionaram, como era praxe nesses casos, "a violência da súbita
enfermidade que o acometeu" sendo "todos os esforços impotentes no
combate ao mal insidioso" (Diário de Notícias, 17.9.31); ou
"acometido de moléstia aguda, que sobreveio inesperadamente" (Jornal
do Commércio, 17.9.31). Quando do falecimento, o amigo Antônio Austregésilo fez
um panegírico, inserido em Arquivo Brasileiro de Medicina, nº 8, de 1931
(Biblioteca Nacional).
Em 29.9.1927, Faustino Esposel
inscreveu-se à vaga aberta na Academia Nacional de Medicina decorrente da
passagem de Teófilo de Almeida Torres, membro titular da Seção de Medicina Geral,
para a classe dos Membros Titulares Honorários. Apresentou juntamente com os
seus trabalhos a memória intitulada "Em torno do sinal de Babinsky".
Aprovado, a eleição teve lugar em 17.11.1927 e a cerimônia de posse na sessão
de 24.5.1928, sob a presidência do acadêmico Miguel Couto, que designou os
acadêmicos Antônio Austregésilo e J. E. da Silva Araújo para acompanhar o novo
acadêmico ao recinto. Fez-lhe a saudação de paraninfo o acadêmico Joaquim
Moreira da Fonseca. Com o seu falecimento, sua poltrona passou a ser ocupada
pelo acadêmico Odilon Gallotti, eleito em 23.6.32 e empossado em sessão de
25.6.36. Na sessão de 30.6.32 a Academia promoveu uma homenagem a Faustino
Esposel, discursando na ocasião o orador oficial Alfredo Nascimento. Tenho em
meus arquivos todos os discursos pronunciados naquela instituição.
Faustino Esposel era católico.
Militou na União Católica Brasileira. Foi congregado mariano. Comungava com
freqüência, o que era hábito da maioria religiosa daquela época.
Tinha ficha de cadeira cativa do
Clube de Regatas do Flamengo, dos anos de 1925 a 1930. Foi presidente do clube
no biênio 1920-1922, depois de 1924 a 1927, ano este em que renunciou,
assumindo Alberto Borgerth. Em 1928 voltara à presidência, não tendo completado
o mandato em virtude da doença. Na assembléia de 23 de dezembro de 1920, quando
o presidente já era Faustino Esposel, o Flamengo aprovou o seu novo uniforme,
usado até hoje. Em 1926, os Guinle pediram a devolução do imóvel que estava
arrendado ao clube. Fez-se então uma campanha de arrecadação junto ao quadro
social para a aquisição de um local próprio. Desde 25 de março de 1925,
Faustino Esposel havia reunido a diretoria comunicando a disposição do então
prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Antônio Prado Jr., de ceder uma área de
mais de 34 mil metros quadrados às margens da lagoa Rodrigo de Freitas. Após
negociações que se sucederam com o prefeito Alaor Prata, o presidente Faustino
Esposel obteve a desejada área na Gávea.
O primeiro jogo ali promovido, ainda
sem muro e cercado por madeiras, aconteceu sob a presidência de Faustino
Esposel, no dia 26 de novembro de 1926, entre a Liga de Amadores de Foot-Ball
(São Paulo) e a Association de Amateurs de Argentina. Nesse período, Oscar
Esposel, irmão de Faustino e conselheiro do clube, propôs a inauguração do
estádio da Gávea em 15 de novembro de 1938, quando o Flamengo estaria
completando 43 anos de fundação. Mas a festa acabou acontecendo antes, no dia 4
de setembro daquele ano com um jogo entre Flamengo e Vasco, vitória vascaína
por 2 a 0 que, no entanto, não abafou a alegria rubro-negra, por estar com a
nova casa concluída.Entusiasta dos esportes e da educação física, que sempre
cultivou, pertenceu a muitas associações esportivas em que exerceu cargos
técnicos e administrativos e de que foi presidente por diversas vezes, como a
Associação Metropolitana de Esportes Atléticos e a Federação Brasileira de
Desportes.
Há dois retratos de Faustino Esposel
na sede do Flamengo, na Gávea. Outro, de corpo inteiro, não está, como alguns
parentes supunham, no gabinete do Deolindo Couto, de quem foi professor.
Constatei que se encontrava no corredor escuro da Faculdade de Medicina, então
na praia Vermelha (hoje não existe mais). Existe também um quarto quadro, em
que ele está de meio-perfil, na residência da Maria Laura Hermida de Salles
Gomes (Mariazinha), em Cambuquira, na rua Getúlio Vargas, 141.
Um último registro: Antônio
Austregésilo, talvez o maior amigo do Faustino, chegou a presentear Odette com
livros de André Luiz.
Bem, eis o que posso adiantar. Tenho
muitas outras informações, mas meu acervo completo só pode ser aberto realmente
em livro, dados os comentários e as explicações que o tema exige. Aí então
farei a necessária análise comparativa com o livro Nosso Lar e outros da série.
Devo salientar, desde logo, que André Luiz fez pequenas modificações para
despistar o leitor, em obediência à preocupação exposta no prefácio de Emmanuel
no sentido de ocultar sua verdadeira identidade, o que ele mesmo reafirma na
mensagem de abertura ("Manifestamo-nos, junto a vós outros, no anonimato
que obedece à caridade fraternal.") Noutras ocasiões deixou pistas
insuspeitadas. Mas, num único ponto a modificação não foi pequena, ou melhor,
foi radical: a família deixada na terra. Na verdade, Faustino Esposel não
deixou filhos. Então, quem são aquelas pessoas referidas no livro? Segundo
explicação do Chico, apresentada desde 1975, são todos membros de uma família
de que o Faustino era membro em encarnação anterior. A fim de ilustrar os
ensinamentos ele foi buscar a situação doméstica no seu passado mais
remoto.Outros detalhes que posso antecipar:
- André Luiz informa que foi
assistido na colônia Nosso Lar por um médico chamado Henrique de Luna. Na
terra, De Luna (médico, com esse mesmo nome) era contemporâneo de Faustino
Esposel.
- André Luiz narra em Nosso Lar que
teve quinze anos de clínica. Formado em 1910, consta que a partir da segunda
metade da década de 20 ele viveu muito mais para o magistério e trabalhos
intelectuais ligados à medicina, além das atividades desportivas.
- Luísa, a irmã que André Luiz conta
ter desencarnado cedo, quando ele era "pequenino", na verdade era um
irmão (Adolfo Monteiro Esposel), desencarnado com apenas quatro meses, em 1886,
dois anos portanto antes de ele nascer.
- Quem privou muito da proximidade de
Faustino Esposel foi um porteiro que, até meados da década de 70, embora
aposentado, ainda costumava freqüentar o Pinel. Disse-me conhecer toda a vida
do professor Faustino Esposel, que ele atendia muitos doentes de graça e que
era famoso de verdade. A par disso, aludiu a alguns fatos que se ajustam
perfeitamente ao que está confessado nas páginas de Nosso Lar. E confirmou,
inclusive, detalhes de comportamento que o próprio André Luiz também não
escondeu no livro.
Rio de Janeiro, 1º de julho de 2005
FONTE - ESPIRITBOOK
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