terça-feira, 18 de setembro de 2012





BEZERRA DE MENEZES
HINO A BEZERRA DE MENEZES
(Música: Natália Freitas / Letra: Autor desconhecido / Gravação: Clésio Tapety & Adolfo Lino)

Oh, vinde bom amigo amado benfeitor
Das luzes do infinito de cintilações
Oh, vinde amenizar a nossa grande dor
Espargindo em mancheias as consolações
Bezerra de Menezes, servo do Senhor
Apóstolo do bem a nos iluminar
Celeste mentor, em passes de amor
Águas fluidificai

Movimentai vossas falanges protetoras
Dai-nos as bênçãos redentoras
Balsamizando os corações
Balsamizando os corações
O sofrer é um bem divinal
Que o Senhor nos envia do astral
É o cadinho imortal da perfeição
É o cadinho imortal da perfeição
A nos redimir das nossas vidas mal vividas
Ante o Evangelho todo luz
Sois apoteose do amor
Redimi nossa dor com Jesus


FONTE: YOUTUBE

ABORTO


 

Aborto

 


 

O aborto delituoso é a negação do amor

1. O aborto é, no entendimento unânime dos Espíritos superiores, um doloroso crime. Arrancar uma criança ao seio materno é infanticídio confesso. Uma mãe ou quem quer que seja cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, porque impede ao reencarnante passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.

2. Podem-se destacar três erros no procedimento dessas mães. O primeiro: impedir que um Espírito reencarne e, por conseguinte, progrida. Segundo: recusar um filho que talvez represente o instrumento que Deus tenha dado aos pais para ajudá-los na jornada evolutiva, através dos cuidados, das renúncias, das preocupações e trabalhos que teriam. Terceiro: transgredir o mandamento divino “Não matarás” e de uma forma em que a vítima se encontra em situação de desigualdade, sem a menor chance de se defender.

3. O aborto delituoso é a negação do amor. Esmagar uma vida que desponta, plena de esperança; impedir a alma de reingressar no mundo corpóreo; negar ao Espírito o ensejo do reajuste, representa, em qualquer lugar, situação e tempo, inominável crime, de prolongadas e dolorosas conseqüências para o psiquismo humano.

4. A Humanidade terrena encontra-se presentemente atacada por uma série de males. São homicídios, assaltos, assassínios, doenças, fome, catástrofes, ignorância, guerras, o que faz com que o mundo viva em constantes convulsões sociais. Um crime, porém, existe mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza – um crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação. Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios rebentos, asfixiando-lhes a existência antes que possam sorrir para a bênção da luz.

Moléstias de etiologia obscura decorrem do aborto

5. Em muitos países, o aborto sem causa justa – e por causa justa devemos considerar apenas o chamado aborto terapêutico, que objetiva salvar a vida da gestante – encontra amparo na lei, mas, de acordo com a Doutrina Espírita, o aborto não encontra justificativa perante Deus, a não ser em casos especialíssimos, como o citado, em que o médico honrado, sincero e consciente entende que a continuação da gravidez põe em perigo a vida da gestante. Somente ao médico, porém, e a mais ninguém, dá a Ciência autoridade para emitir esse parecer.

6. De acordo com o ensinamento espírita, é o aborto delituoso um dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, que ocupam vastos departamentos de hospitais e prisões da Terra. A mulher que o promove ou que venha a coonestar semelhante delito é constrangida, por leis irrevogáveis, a sofrer alterações deprimentes no centro genésico de sua alma, predispondo-se a dolorosas enfermidades, como a metrite ([1]), o vaginismo ([2]), a metralgia ([3]), o enfarte uterino ou a tumoração cancerosa, flagelos esses com os quais, muita vez, desencarna, demandando o Além para responder, perante a Justiça divina, pelo crime praticado.

7. É então que se reconhece rediviva, mas doente e infeliz, porque, pela incessante recapitulação mental do ato abominável, através do remorso, reterá por tempo longo a degenerescência das forças genitais.

8. A mulher que corrompeu voluntariamente o seu centro genésico – informa André Luiz em Ação e Reação, pp. 210 e 211 – receberá de futuro almas que viciaram a forma que lhes é peculiar, e será, assim, mãe de criminosos e suicidas, regenerando as energias sutis do perispírito através do sacrifício nobilitante com que se devotará aos filhos torturados e infelizes de sua carne, aprendendo a orar, a servir com nobreza e a mentalizar a maternidade pura e sadia, que acabará reconquistando ao preço de sofrimentos e trabalho justos.

O aborto pode ser a porta que se fecha para os nossos amigos

9. As conseqüências espirituais do aborto estão bem caracterizadas na experiência seguinte que nos é relatada por Suely Caldas Schubert em seu livroObsessão/Desobsessão, editado em 1981 pela Federação Espírita Brasileira. No cap. 9 da terceira parte da citada obra, Suely Schubert relata três comunicações mediúnicas relacionadas com o aborto e seus efeitos.

10. A primeira é a de um médico que, enquanto encarnado, dedicou-se a essa prática. Ora, o abortamento – exceto quando realizado para salvar a vida da gestante posta em perigo – é considerado um crime aos olhos de Deus e nada há que o justifique. O médico desencarnado apresentou-se, portanto, extremamente perturbado, dizendo-se perseguido por vários Espíritos. Acusando-se a si mesmo de criminoso, estava aterrorizado com seus atos. O arrependimento lhe chegara já na vida espiritual; não obstante, demonstrava muito medo de seus perseguidores, entre os quais se contavam algumas das vítimas de seu bisturi.

11. O segundo comunicante era uma mulher que havia morrido durante a realização de um aborto. Atormentada pelo remorso dessa ação, nutria um ódio especial pelo médico que a atendera, a quem, agora, perseguia, desejosa de vingança.

12. A terceira entidade a se comunicar era também uma mulher que cometera um aborto em sua última existência na Terra. Sendo pobre e lutando com muitas dificuldades para a manutenção dos filhos, a coitada desorientou-se ao engravidar e procurou uma forma de abortar aquele que seria o sexto filho. Praticado o crime, o arrependimento foi-lhe terrível e imediato. Jamais ela se perdoou por esse gesto e, desse modo, sofreu duplamente ao carregar pelo resto de seus dias o peso do remorso. Sua existência foi longa e difícil. Enfrentou as asperezas e dificuldades da vida e, ao fim de prolongada moléstia, desencarnou. O plano espiritual reservou-lhe, porém, uma surpresa. Ao desencarnar, encontrou-se com o Espírito do filho rejeitado e grande foi seu abalo ao verificar que ele era um ente muito querido ao seu coração, companheiro de lutas do passado, que renasceria em seu lar com a finalidade precípua de ajudá-la a tornar menos amargos os seus dias.

13. Espírito de certa elevação moral, ele há muito lhe perdoara a atitude infeliz, mas ela jamais se conformou com o ato praticado e agora, no plano espiritual, tomara a si a tarefa de socorrer as pessoas tendentes a cometer o mesmo erro, para mostrar-lhes que o destino é construção individual e que o aborto, longe de ser solução para as dificuldades da vida, será sempre o agravamento dos nossos males, quando não a porta que se fecha para os nossos melhores amigos.


FONTE: ESPIRITBOOK

A MULHER E O ESPIRITISMO






Voltando ao passado, vamos encontrar sempre o homem exercendo sobre a mulher o domínio do fisicamente mais forte. E, com isso, restringindo a atividade da mulher ao interior do lar, impedindo seu acesso à cultura e ao poder.
Antigamente se questionava até se a mulher tinha alma, e todos achavam que não. No velho testamento, livro de gênesis, fala que Deus ao criar o homem do pó da terra lhe soprou nas narinas o sopro da vida, e o homem passou a ser alma viva, e somente depois do homem Deus fez a mulher de uma costela de adão e não lhe deu o sopro da vida,logo, não teria alma e seria quando muito inferior ao homem.
A mulher também, segundo o velho testamento era uma pessoa má, culpada de todos os males pois aceitou a sugestão da serpente e desviou Adão da obediência de Deus e foi expulso do paraíso.
Ainda hoje se encara o ser humano de modo diferente, quando ele se apresenta como homem ou mulher. Existe até uma certa rivalidade entre os dois sexos, que além de não trazer benefício algum, atrapalha o desenvolvimento de ambos. Porém, o espiritismo a partir da publicação do livro dos espíritos, retoma o posicionamento de Jesus a respeito de homem e mulher, ambos filhos de Deus.
No Livro dos Espíritos, nós aprendemos que os espíritos não tem sexo na forma como entendemos na organização física, são os mesmos espíritos que animam o corpo dos homens e da mulheres. Os espíritos encarnam como homem ou mulher conforme sua necessidade de evolução.
Kardec , no Livro a Gênese, enfatiza que a reencarnação faz desaparecer os preconceitos entre os dois sexos e, Gabriel Delane no livro o fenômeno espírita, comenta, que na Grécia antiga era comum a invocação dos deuses. Todos os templos possuiam mulheres encarregadas dessas invocações, não havia preconceito às mulheres.
Leon Dennis nos fala que o corpo é apenas uma forma tomada por empréstimo, a essência da vida é o espírito. Neste sentido homem e mulher são favorecidos por iguais.
Assim, o moderno espiritualismo restabelece o mesmo critério dos celtas, quando afirma a igualdade dos sexos sobre.
Com relação à mediunidade, ambos os sexos, excelentes médiuns, porém, é a mulher que parece ser autorizada a ter as mais belas faculdades psíquicas e, isso , reserva para a mulher um eminente papel na difusão do espiritismo.
Entretanto, devido as imperfeições humanas, mesmo para quem estuda de forma imparcial a figura da mulher ainda a vê como objeto de surpresa e algumas vezes de admiração.
Voltando à antiguidade, foram elas, as mulheres, as célebres videntes e sibilas, ou seja, as médiuns. A antiguidade pagã teve sobre nós a superioridade de conhecer e cultivar a alma feminina. Suas faculdades se expandiam livremente nos mistérios. Eram sacerdotisas no Egito, na Grécia, na Gália,por toda parte era a mulher o objeto de uma iniciação, de um ensino moral, era considerada quase um ser divino
A mulher era considerada a fada protetora, o gênio do lar, a custódia das fontes da vida. havia respeito. Diziam os gregos e celtas: tal seja a mulher, tal é o filho, tal será o homem.é a mulher que desde o berço, quem modela o espírito das gerações.
É ela que faz o heróis, os poetas, os artistas, cujos feitos e obras permanecem através dos séculos. Ainda na antiguidade, na Grécia, em Roma, até os sete anos o filho permanecia no gineceu, sou seja, no aposento destinado as mulheres, sob a direção materna. Só, que para desempenhar tão sagrada missão educativa, era necessária a iniciação no grande mistério da vida e do destino. Era necessário o conhecimento da lei das preexistências e das reencarnações , porque é essa lei que dá a vida do ser, que vai desabrochar sob os cuidados maternos.
Esses maravilhosos poderes, esses dons do alto, a igreja ignorou na idade média, condenando as mulheres como bruxas e feiticeiras.
Mas, a situação da mulher na civilização contemporânea, também é difícil. Nem sempre ela tem para si os usos e as leis, a corrupção dos costumes e dos valores faz da mulher uma vítima da miséria, da prostituição etc..
Uma reação, começou a surgir sob a denominação de feminismo. Só que, se de um lado ele se acentua como legítimo em seu princípio, de outro lado exagera em seus objetivos. Ou seja: ao lado de justas reivindicações, o feminismo também exige propósitos que fariam da mulher, não mais mulher, mas uma cópia do homem.
Embora a mulher tenha os mesmos direitos do homem, tem alguns deveres diferentes, com o a maternidade. M movimento feminista desconhece o verdadeiro papel da mulher , e tende a desviá-la do destino que lhe está traçado.
A doutrina espírita nos mostra que o homem e a mulher nasceram para funções diferentes, mas complementares No ponto de vista da ação social, da evolução do espírito, ambos são iguais e inseparáveis.
O espiritismo , veio restituir à mulher o seu verdadeiro lugar na família e na obra social, indicando a sublime missão que lhe cabe desempenhar como : mediadora predestinada, verdadeiro traço de união que liga as sociedades da terra com as do um do espiritual. A grande sensibilidade da mulher, faz dela, o médium por excelência, capaz de exprimir, de traduzir os pensamentos, as emoções, os sofrimentos das almas, dos ensinos dos espíritos superiores.
A feição religiosa do espiritismo atrai a mulher e lhe satisfaz as aspirações do coração, as necessidades de ternura, que elas estendem para os entes desencarnados. A mulher consegue, ao mesmo tempo com seu poder de intuição, suas admiráveis qualidades morais. Ela esquece de si mesma, se sacrifica no trabalho de suas responsabilidades inerentes a sua missão de mediatriz.
Acontece porém, que o materialismo leva algumas mulheres a ver apenas seu organismo físico, fazendo dela mesma um ser inferior que a empurra ao sensualismo.
E, ao contato desse materialismo, a mulher se deixa influenciar pelo peso das influencias degradantes, se deprime e se priva de sua real função . Ela as vezes se torna escrava dos sentimentos, e suas virtudes desaparecem, e o sensualismo e a sedução se fazem presentes.
Infelizmente uma nova geração de mulheres se deixa influenciar por esse materialismo puro, não entendendo as reais necessidades do espírito e não entendendo que é sobretudo por seu intermédio que se afirma a comunhão com a vida espiritual. A vida provém da mulher e, sendo a fonte de vida, é dela também o processo de regeneração da raça humana.
E,sendo uma médium por excelência, ela serve de intermediária entre a nova fé que surge (espiritismo) e a fé antiga que definha e vai desaparecendo, porque esse foi seu papel no passado, nos primeiros tempos do cristianismo, e ainda o é na época presente.
O espiritismo, coloca a mulher ao ponto mais elevado dos sentidos. Para o espiritismo, sua alma se ilumina, seu coração se torna o foco irradiador de terno sentimento e nobres paixões. No lar, ela assume a encantadora missão que lhe pertence. Feita de dedicação e piedade, seu importante papel de mãe, irmã e educadora.
O espiritismo coloca a mulher como uma das metades da humanidade, que homem e mulher se aliam e se equilibram no amor. O espiritismo passou a entender que os homens são irmãos, que o mais forte recebeu a força para proteger o mais fraco.
Passou a entender que é um ser perfectível como o homem e suas aspirações são legítimas, seu pensamento é livre e nenhum poder do mundo tem o direito de escravizar os seus interesses e as suas paixões . A mulher passou a ter direito à sua parte de atividade intelectual e, conseguiu porque aprendeu que existe uma lei mais poderosa do que todas as leis humanas., que é a lei do progresso, na qual toda criação está submetida.
Kardec, em artigo na revista espírita em 1868, já dizia que a emancipação da mulher seria a consequência da difusão do espiritismo, porque o espiritismo não funda seus direitos numa idéia filosófica generosa, mas sim, na identidade da natureza do espírito e, a lei da reencarnação vem provar esse princípio, pois, os mesmos espíritos podem reencarnar como homem ou mulher.
Portanto, o homem que escravizar a mulher, poderá ser escravizado por sua vez. E|, continua kardec: os homens que trabalham pela emancipação da mulher,trabalham também pela emancipação geral e por consequência, em proveito próprio.
As mulheres tem um interesse direto na propagação do espiritismo, porque ele fornece apoio as suas causas com os mais poderosos argumentos que jamais foram invocados. A partir do momento que a mulher passou a se instruir,passou também a se libertar, foi pelo estudo que começo a alargar seus conhecimentos.
A mulher quer ser e será: a companheira inteligente do homem, sua conselheira, sua amiga, a instrutora de seus filhos, pois entende que o lar é o local de maiores resgates para o espírito.
Finalizando, desde 1857 com o lançamento do livro dos espíritos a Doutrina Espírita vem defendendo direitos iguais para a mulher. Até então não se admitia posição contrária aos interesses religiosos e políticos e da classe masculina, mas, os espíritos chegaram até nós para mudar as trajetórias negativas do mundo, que não terão volta

FONTE:  ESPIRITBOOK

MÃE - HEROÍNA ANÔNIMA

 
 

 


Quando cheguei ao leito de Alfredo Cortes, debatia-se o velho entre as raias da morte.

Afastei o populares que se aglomeravam ao pé do quarto, e pedi garantias para examiná-lo severamente.

O coronel Cortes fora vítima de traiçoeiro golpe agonizava sem esperança.

O punhal atingira o coração e, condoído, sentei-me, desarvorado.

- Coronel - perguntei, ansioso - quem lhe fez isso?

O moribundo , buscou em vão, mover os olhos na direção do grande cofre violado e ciciou um nome.

- A...prí...gio...

Senti-me empolgado de horror. Aprigio era o rapaz que ele amava como a um filho. Aprígio fora enjeitado à porta de Cortes , quando D. Alzira, a esposa, ainda estava na Terra. O casal sem filhos exultara. Muitas vezes vira eu os amigos em passeio para distrair a criança. Aprígio crescera mimado, respeitado, protegido. Não quisera cursar escola de ensino superior; entretanto recebera instrução suficiente para desempenhar profissão respeitável. Costumava encontrá-lo, à noite, junto à amigos desocupados. Nunca podertia suspeitar, porém, de que estivesse caminhando para semelhante loucura.

O coronel cravou em mim os olhos embaciados, conquanto lúcidos e expirou. Chegara o fim.

Emocionado, abri passagem, de modo a notificar meu apontamento à polícia, mas a sala continuava povoada de vozes ásperas.

Dei alguns passos e estaquei.

- É ela! é ela!

Madalena Leandro, pobre lavadeira, era puxada pelos cabelos.

Aprígio estava à frente do grupo, gritando com veemência.

Madalena fora apanhada no telhado, mostrando enorme aflição. Acusada, não se defendera. Tudo inclinava a autoridade a crer fosse ela a homicida.

Intrigado, avancei para a infeliz perguntando:

- Diga, Madalena! Confesse! Foi realmente você?

A desditosa mulher, em silêncio, fixou em mim os olhos agoniados, à maneira de triste animal sentenciado a morte.

Havia um imperativo em minha pergunta, que a mísera, como que hipmotizada, confirmou sob o pranto pesado a lhe escorrer pelo rosto.

- Sim.. fui eu!

- Assassina! Assassina! - clamou Aprígio colérico - E o dinheiro? onde está o dinheiro?

Como a acusada não respondesse, o moço precipitou-se de punhos cerrados e, a esmurrar-lhe o peito, bramia desesperado:

- Dia! diga! Maldita! Maldita!

A infeliz tombou de joelhos e rogou, súplice:

- Piedade! pelo amor de Deus, tenham piedade de mim!

Busquei debalde interferir, para evitar novo crime, quando o rapaz lhe aplicou um pontapé à altura dos pulmões e a lavadeira rolou, desgovernada. O sangue borbotava-lhe agora da boca trêmula e, revoltado. consegui acalmar os ânimos.

E ouvindo-me a defendê-la, o responsável pela ordem ponderou:

- Doutor, compreendemos a sua indignação, mas, afinal de contas o pobre rapaz está possesso de angústia... Acaba de perder o pai e, sinceramente, no lugar dele, não sei se me comportaria de outra maneira.

Entendi que a hora não admitia réplicas e solicitei fosse Madalena conduzida à prisão para as medidas aconselháveis. Mas, continuei de atenção voltada para o assunto.

Perseguida por Aprígio, a infortunada mulher foi submetida a inquirições humilhantes. Sempre que interrogada, declarava-se autora do estranho homicídio, mas instada, a dizer algo sobre,o furto, calava-se, e com isso sofria novas torturas.

Procurei o juiz indicado para o processo, em segredo, esclarecendo-o quanto à minha observação em caráter de confidência. E, após atender-me, o magistrado, gentil, promoveu acareações.

Aprígio foi chamado a depor, diante da ré.

E fazendo força para atingir sua consciência não vacilei em arrolar-me entre as testemunhas. Percebendo-me, todavia a atitude, explicara que o velho desde algum tempo mostrava sintomas de alienação mental. Esquecia nomes familiares, truncava referências. E acentuava que não tinha dúvidas quanto a culpabilidade de Madalena. Decerto, ela enterrara o dinheiro roubado e algum lugar. Madalena fora, em outro tempo, lavadeira da casa. Conhecia passagens e escaninhos.

A acusada ouvia, em lágrimas, silenciando... Se alguém perguntava, ao fim do interrogatório:

- Mas foi você? - Madalena chorava muda, fazendo gesto afirmativo.

O sofrimento, contudo, alquebrara-lhe as forças. Anotando-me o interesse pela infeliz, a autoridade judiciária permitiu pudesse, de minha parte hospitalizá-la para tratamento preciso.

A acusada, entretanto, como se houvesse desistido da existência, não mostrou qualquer reação favorável na saúde e, ao cabo de vinte dias, providenciava-lhe o enterro de última classe.

E a vida continuou na marcha irrefreável.

Por muito tempo, demorei-me ainda entre os homens, e assisti a ascenção e à queda de Aprígio. Dono da regular fortuna que herdara em testamento do coronel, prosperou à princípio, para cair, mais tarde em descrédito, depois de largos anos em jogatina e dissipação. Findo longo período de enfermidade, morrera, internado em um hospício.

Um novo dia, entretanto, chegou para mim e também vi-me de retorno ao plano espiritual. A morte do corpo renovara-me a alma e, em pleno acesso a lutas diferentes, dentre os amigos que vieram trazer-me o abraço afetivo, Madalena surgiu, nimbada de luz.

Conversamos, alegremente, e porque o passado me batesse em cheio na tela da memória, formulei a pergunta discreta... Afinal, onde estava a verdade? Não fora Aprígio o autor do assassinato?

A heroína, porém, fitando-me de frente, tudo esclareceu, respondendo, calma:

- Doutor, nada pude falar, porque Aprígio, o infeliz criminoso, era meu filho...

(Texto extraído do livro Almas em Desfile. Psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira - Espírito Hilário Silva).