O aborto delituoso é a negação do amor
1.
O aborto é, no entendimento unânime dos Espíritos superiores, um doloroso
crime. Arrancar uma criança ao seio materno é infanticídio confesso. Uma mãe ou
quem quer que seja cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes
do seu nascimento, porque impede ao reencarnante passar pelas provas a que
serviria de instrumento o corpo que se estava formando.
2.
Podem-se destacar três erros no procedimento dessas mães. O primeiro: impedir
que um Espírito reencarne e, por conseguinte, progrida. Segundo: recusar um
filho que talvez represente o instrumento que Deus tenha dado aos pais para
ajudá-los na jornada evolutiva, através dos cuidados, das renúncias, das
preocupações e trabalhos que teriam. Terceiro: transgredir o mandamento divino
“Não matarás” e de uma forma em que a vítima se encontra em situação de
desigualdade, sem a menor chance de se defender.
3.
O aborto delituoso é a negação do amor. Esmagar uma vida que desponta, plena de
esperança; impedir a alma de reingressar no mundo corpóreo; negar ao Espírito o
ensejo do reajuste, representa, em qualquer lugar, situação e tempo, inominável
crime, de prolongadas e dolorosas conseqüências para o psiquismo humano.
4.
A Humanidade terrena encontra-se presentemente atacada por uma série de males.
São homicídios, assaltos, assassínios, doenças, fome, catástrofes, ignorância,
guerras, o que faz com que o mundo viva em constantes convulsões sociais. Um
crime, porém, existe mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é
praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza – um
crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade nem
braços robustos com que se confie aos movimentos da reação. Referimo-nos ao
aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios
rebentos, asfixiando-lhes a existência antes que possam sorrir para a bênção da
luz.
Moléstias de etiologia obscura decorrem do
aborto
5.
Em muitos países, o aborto sem causa justa – e por causa justa devemos
considerar apenas o chamado aborto terapêutico, que objetiva salvar a vida da
gestante – encontra amparo na lei, mas, de acordo com a Doutrina Espírita, o
aborto não encontra justificativa perante Deus, a não ser em casos
especialíssimos, como o citado, em que o médico honrado, sincero e consciente
entende que a continuação da gravidez põe em perigo a vida da gestante. Somente
ao médico, porém, e a mais ninguém, dá a Ciência autoridade para emitir esse
parecer.
6.
De acordo com o ensinamento espírita, é o aborto delituoso um dos grandes fornecedores
das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da
mente, que ocupam vastos departamentos de hospitais e prisões da Terra. A
mulher que o promove ou que venha a coonestar semelhante delito é constrangida,
por leis irrevogáveis, a sofrer alterações deprimentes no centro genésico de
sua alma, predispondo-se a dolorosas enfermidades, como a metrite ([1]),
o vaginismo ([2]),
a metralgia ([3]),
o enfarte uterino ou a tumoração cancerosa, flagelos esses com os quais, muita
vez, desencarna, demandando o Além para responder, perante a Justiça divina,
pelo crime praticado.
7.
É então que se reconhece rediviva, mas doente e infeliz, porque, pela incessante
recapitulação mental do ato abominável, através do remorso, reterá por tempo
longo a degenerescência das forças genitais.
8.
A mulher que corrompeu voluntariamente o seu centro genésico – informa André
Luiz em Ação e Reação, pp. 210 e 211 – receberá de futuro almas
que viciaram a forma que lhes é peculiar, e será, assim, mãe de criminosos e
suicidas, regenerando as energias sutis do perispírito através do sacrifício
nobilitante com que se devotará aos filhos torturados e infelizes de sua carne,
aprendendo a orar, a servir com nobreza e a mentalizar a maternidade pura e
sadia, que acabará reconquistando ao preço de sofrimentos e trabalho justos.
O aborto pode ser a porta que se fecha para os
nossos amigos
9.
As conseqüências espirituais do aborto estão bem caracterizadas na experiência
seguinte que nos é relatada por Suely Caldas Schubert em seu livroObsessão/Desobsessão,
editado em 1981 pela Federação Espírita Brasileira. No cap. 9 da terceira parte
da citada obra, Suely Schubert relata três comunicações mediúnicas relacionadas
com o aborto e seus efeitos.
10.
A primeira é a de um médico que, enquanto encarnado, dedicou-se a essa prática.
Ora, o abortamento – exceto quando realizado para salvar a vida da gestante
posta em perigo – é considerado um crime aos olhos de Deus e nada há que o
justifique. O médico desencarnado apresentou-se, portanto, extremamente
perturbado, dizendo-se perseguido por vários Espíritos. Acusando-se a si mesmo
de criminoso, estava aterrorizado com seus atos. O arrependimento lhe chegara
já na vida espiritual; não obstante, demonstrava muito medo de seus
perseguidores, entre os quais se contavam algumas das vítimas de seu bisturi.
11.
O segundo comunicante era uma mulher que havia morrido durante a realização de
um aborto. Atormentada pelo remorso dessa ação, nutria um ódio especial pelo
médico que a atendera, a quem, agora, perseguia, desejosa de vingança.
12.
A terceira entidade a se comunicar era também uma mulher que cometera um aborto
em sua última existência na Terra. Sendo pobre e lutando com muitas
dificuldades para a manutenção dos filhos, a coitada desorientou-se ao
engravidar e procurou uma forma de abortar aquele que seria o sexto filho.
Praticado o crime, o arrependimento foi-lhe terrível e imediato. Jamais ela se
perdoou por esse gesto e, desse modo, sofreu duplamente ao carregar pelo resto
de seus dias o peso do remorso. Sua existência foi longa e difícil. Enfrentou
as asperezas e dificuldades da vida e, ao fim de prolongada moléstia,
desencarnou. O plano espiritual reservou-lhe, porém, uma surpresa. Ao
desencarnar, encontrou-se com o Espírito do filho rejeitado e grande foi seu
abalo ao verificar que ele era um ente muito querido ao seu coração,
companheiro de lutas do passado, que renasceria em seu lar com a finalidade
precípua de ajudá-la a tornar menos amargos os seus dias.
13.
Espírito de certa elevação moral, ele há muito lhe perdoara a atitude infeliz,
mas ela jamais se conformou com o ato praticado e agora, no plano espiritual,
tomara a si a tarefa de socorrer as pessoas tendentes a cometer o mesmo erro,
para mostrar-lhes que o destino é construção individual e que o aborto, longe
de ser solução para as dificuldades da vida, será sempre o agravamento dos
nossos males, quando não a porta que se fecha para os nossos melhores amigos.
FONTE: ESPIRITBOOK
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