quarta-feira, 14 de maio de 2014

OS DOZE PRATOS









Um príncipe chinês, orgulhava-se de sua coleção de porcelana,
de tão rara quão antiga procedência, constituída por doze pratos
assinalados por grande beleza artística e decorativa.
Certo dia, o seu zelador, em momento infeliz,
deixou que se quebrasse uma das peças.
Tomando conhecimento do desastre e possuído pela fúria,
o príncipe condenou à morte o dedicado servidor,
que fora vítima de uma circunstância fortuita.
A notícia tomou conta do Império, e,
ás vésperas da execução do desafortunado servidor,
apresentou-se um sábio bastante idoso,
que se comprometeu a devolver a ordem à coleção,
se o servo fosse perdoado.
Emocionado, o príncipe reuniu sua corte
e aceitou a oferenda do venerando ancião.
Este solicitou que fossem colocados todos os pratos restantes
sobre uma toalha de linho, bordada cuidadosamente,
e os pedaços da preciosa porcelana fossem espalhados em volta do móvel.
Atendido na sua solicitação, o sábio acercou-se da mesa e,
num gesto inesperado, puxou a toalha com as porcelanas preciosas,
atirando-as bruscamente sobre o piso de mármore e arrebentando-as todas.
Ante o estupor que tomou conta do soberano e de sua corte,
muito sereno, ele disse:
-- Aí estão, senhor, todos iguais conforme prometi.
Agora podeis mandar matar-me.
Desde que essas porcelanas valem mais do que as vidas,
e considerando-se que sou idoso e já vivi além do que deveria,
sacrifico-me em benefício dos que irão morrer no futuro,
quando cada uma dessas peças for quebrada.
Assim, com a minha existência,
pretendo salvar doze vidas,
já que elas, diante desses objetos nada valem.
Passado o choque, o príncipe, comovido, libertou o velho e o servo,
compreendendo que nada há mais precioso do que a vida em si mesma.

(Joanna de Angelis)


FONTE - ESPIRITBOOK

Nenhum comentário:

Postar um comentário